sábado, 31 de maio de 2008

Imaculada Conceição - Simbolos e significados

Imaculada Conceição - Simbolos e significados

Os 150 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição coincidem com os 100 anos da coroação de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil.
A pequena e milagrosa imagem da Virgem é uma imaculada, de terracota, de apenas 36 cm de altura. Seu título oficial é justamente Nossa Senhora da Conceição Aparecida e os textos litúrgicos, em grande parte, inclusive o prefácio, são os mesmos da festa da Imaculada Conceição, que se celebra no dia 8 de dezembro.
O que caracteriza uma imaculada?

Não são anjos em torno dela; podem existir e podem faltar. Não é o Menino nos braços. Pode ter mas pode não o ter. Não é a cor do manto, a coroa de estrelas ou um título oficial dado pela Igreja. As estátuas e pinturas da Imaculada Conceição se distinguem por terem aos pés o dragão (quase sempre representado pela serpente) e a meia-lua. Dois símbolos fortes, oriundos tanto da cultura universal quanto das páginas bíblicas.
É sabido que a lua ocupa um lugar destacado na simbologia, religiosa e profana, de todas as culturas antigas.

Quase sempre em ligação estreita com o sol. Nos quadros dos reis e imperadores divinizados em vida, costumava-se pintar o sol e a lua por sobre suas cabeças, para dizer que eles estavam "nas alturas". Maria, que carrega consigo o sol divino, tem a lua debaixo dos pés: está marcada por Deus, é a "cheia de graça", é mais alta que os céus que abrigam o sol e a lua, é celestial, ainda que habite em Nazaré e caminhe por Jerusalém.
Um dos significados mais presentes na figura da lua é o da morte e ressurreição, porque a lua nasce, cresce, alcança um auge, mingua e "morre" para "ressuscitar" três dias depois.

Não foi difícil ligar esse simbolismo ao papel de Maria: gerar aquele que passará por todo o ciclo da vida e da morte, mas ressurgirá, refazendo a vida. Maria, imaculada, que carrega a Vida divina, tem o pequeno ciclo da vida e morte humanas sob seus pés: é senhora e dona da vida e da morte.
A lua sempre esteve ligada, por seu ciclo de 28 dias, à fecundidade. Todos os povos sabiam que a lua tinha influência sobre o brotar das sementes e o amadurecer das espigas. As mulheres sabiam que seu ciclo feminino se parecia muito ao da lua. Por isso mesmo, a lua era considerada a deusa da fecundidade, do parto e até mesmo do tempo (muitos povos, inclusive o hebreu, contavam os anos pela lua).

Mas, por ser iluminada pelo sol sem nada perder de sua integridade, algumas culturas, como a romana, honravam a lua como deusa da virgindade. Mãe e virgem ao mesmo tempo era Maria. A lua sob seus pés lembra o duplo e inseparável privilégio de Maria: ser mãe, permanecendo virgem.A lua depende do sol, mas brilha soberana no meio da noite. Maria depende do Cristo, em função de cuja maternidade recebeu todos os privilégios, mas, exatamente por causa do Cristo-Sol, não é afetada pelas trevas do pecado, brilha límpida com a luz que lhe vem da maternidade divina.
Todos esses símbolos e outros estão contidos na frase do Apocalipse, que inspirou os escultores: "Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés" (12,1). Nos primeiros séculos do Cristianismo, essa mulher vestida do sol era interpretada como sendo a Igreja, que recebe toda a luz do Cristo. Aos poucos, a mulher revestida de sol passou a significar Nossa Senhora.

A lua, sob seus pés, sem deixar o simbolismo pagão, assumiu novo significado: Maria é a senhora dos tempos, a mãe das mães e a virgem das virgens, humana mas santíssima, terrena mas elevada acima dos astros e no mais alto dos céus, aquela que resplandece na plenitude da luz da graça sem jamais ter conhecido a escuridão do pecado. Essa página do Apocalipse é lida como segunda leitura na festa de Nossa Senhora Aparecida.
O simbolismo da serpente, talvez, seja mais fácil de entender. É preciso recordar a página do Gênesis, onde se conta, também em forma de figuras, a criação e a queda de nossos primeiros pais. Deus criou Adão e Eva e os pôs num jardim, em cujo centro existia a árvore da vida (símbolo da imortalidade) e da qual Deus proibira comer os frutos.

O demônio, em forma de serpente, induziu Eva a colher e comer um dos frutos da árvore proibida. Em conseqüência, eles perderam a imortalidade: "sois pó e ao pó tornareis" (Gn 3,19).
Sobre a cobra maldita Deus pronunciou, então, uma profecia. Uma profecia, que foi traduzida de diferentes maneiras.

Na Bíblia hebraica se diz: 'Porei inimizade entre a tua descendência e o descendente dela". Um substantivo masculino e no singular. Os 70 Sábios, que passaram o texto para o grego, conservaram o masculino e o singular. Mas São Jerônimo, ao passar o texto para o latim, escreveu "entre a tua descendência e a descendência dela", usando um feminino generalizado. Com isso, a frase que segue, tem sentido ambíguo: "ela te esmagará a cabeça". 'Ela' está no lugar de 'descendência' ou de 'mulher'? Muitos Santos Padres atribuíram o 'ela' a Nossa Senhora. Outros mantiveram o hebraico e viram no 'descendente' (masculino e singular) uma alusão a Jesus Cristo.
Os pintores e escultores trabalharam sutilmente o tema: ora é Maria que esmaga a serpente ou enterra o dardo na cabeça do dragão, ora é o Menino, mas, nesse caso, a mãe tem seu pé sobre o pé do Menino.De qualquer maneira, a serpente aos pés de Maria, nos quadros da Imaculada, refere-se ao demônio enganador do paraíso. Jesus é o novo Adão. Maria é a nova Eva.

Ambos são vitoriosos sobre o demônio. As tentações de Jesus no deserto confirmam a vitória (Lc 4,1-13). No paraíso terrestre, o demônio levou Eva e Adão à morte. Agora, o diabo e a morte são derrotados e novamente a criatura humana se reveste de imortalidade (1Cor 15,53), torna-se participante da natureza divina (2Pd 1,4). Com o Cristo, Filho de Deus, fruto bendito do ventre de Maria, o homem reconquistou o paraíso perdido e ganhou o título de cidadão do céu.
A serpente debaixo dos pés de Maria Imaculada pode ter outros significados interessantes.

Por exemplo, se nos lembrarmos que a cobra vive em buracos escuros, mas gosta de expor-se aos raios do sol, ela bem poderia simbolizar o binômio "trevas/luz", tão acentuado por João Evangelista. Maria, sem pecado, está inteiramente fora das trevas do pecado e é portadora daquele que se declarou a "luz do mundo" (Jo 8,12), o "sol que vem do alto para iluminar os que estão sentados nas trevas e nas sombras da morte" (Lc 1,79).
A cobra também troca de pele todos os anos.

Por isso ela foi comparada nas culturas antigas à lua que, sempre de novo, se refaz. A cobra aos pés de Maria poderia ter o mesmo sentido da lua, significando que Maria Imaculada é portadora daquele que é o Senhor da vida e da morte e transformou a morte em vida.
Gostaria de lembrar mais um possível sentido para a serpente sob os pés da Imaculada Conceição. O Salmo 91, que celebra a proteção de Deus aos que o amam, e que foi citado pelo demônio nas tentações do deserto (Lc 4,11), no versículo 13 fala do servo de Deus que poderá andar por sobre víboras e dragões. Lucas, o Evangelista mariano, põe na boca de Jesus, quando os 72 discípulos retornaram da missão, estas palavras: "Dei-vos poder para pisar em serpentes e elas não vos fizeram mal" (cf. Lc 10,19). Também Paulo, na carta aos Romanos, retoma a figura para dizer que os sábios diante do bem e os íntegros diante do mal esmagarão Satanás debaixo dos pés (Rm 16,20).

Ora, Maria Imaculada foi protegida por Deus desde antes de sua concepção, amou ternissimamente a Deus com amor de mãe, de filha e de esposa, conservou-se íntegra diante do mal e do pecado. Por tudo isso, pisa na cabeça da serpente, símbolo do mal, da mentira e das insídias.
Em muitos quadros e imagens da Imaculada, em vez da serpente, encontramos o dragão, um animal imaginário, presente em todas as grandes culturas antigas, inclusive na Bíblia.

O dragão sempre simbolizou as forças hostis à divindade. Em todos os mitos e lendas, a vitória sobre o dragão significava a vitória sobre as trevas, a maldade, o caos. O Apocalipse fala do dragão que perseguiu impotente a mulher que acabara de dar à luz um menino (Ap 12,4). Esta passagem do Apocalipse, ainda que passível de outras interpretações, aplica-se muito bem a Nossa Senhora e a seu Filho Jesus, ambos imaculados, ambos santíssimos, ambos vencedores do mal e da morte.
Compreender os símbolos que acompanham as imagens e pinturas sagradas pode ajudar muito a devoção, porque os símbolos descrevem e reforçam as qualidades que distinguiram o santo.

A estátua de Nossa Senhora Aparecida é uma imaculada. Os dois símbolos que lhe estão aos pés a proclamam sem nenhuma sombra de pecado, santíssima, cheia da graça divina, vitoriosa sobre o mal, o demônio e a morte, mãe fecunda e virgem consagrada, portadora de vida e salvação, senhora vitoriosa e defensora da humanidade.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nossa boa MãePodemos afirmar que o tema principal deste ícone é o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é representada através de um quadro. Você sabe que ele não é um simples quadro. E um ícone (= imagem). E uma pintura do gênero sacro, portátil, feita de madeira, segundo uma técnica praticada, desde séculos, no Oriente.

Um ícone não é uma simples representação dos santos, mas uma representação que torna presente, de modo espiritual, as personagens representadas.Rezando diante do ícone, somos levados a contemplar o mistério da Encarnação narrado em Cl 1,15: "Cristo é a imagem do Deus invisível". Assim, podemos aprofundar nosso conhecimento da realidade do mistério de Cristo, de Nossa Senhora e dos Anjos e entrar em contato espiritual com eles.
O ícone do Perpétuo Socorro apresenta "Maria com o Menino ladeado pêlos Anjos, com os instrumentos da Paixão, enquanto as mãos do Menino se agarram à mão da Mãe e do seu pé escapa a sandália, deixando ver a planta do çé.As letras gregas que aparecem no ícone indicam os nomes das quatro figuras Jesus Cristo, a Mãe de Deus, o Arcanjo Gabriel (a direita) e o Arcanjo Miguel (a esquerda)". Estes elementos revelam a realidade do sofrimento e da paixão de Cristo. O fundo dourado do quadro é uma representação da Ressurreição. É a vitória de Cristo sobre o sofrimento e a morte.
Podemos afirmar que o tema principal deste ícone é o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.Acredito que você já está se perguntando: e a Virgem Maria? E o título de Perpétuo Socorro? Qual a razão deste nome? Vamos então ao : ponto central do quadro: ele está no encontro da mão de Maria com as i mãos do Menino. "A mão direita da Mãe acolhe o Filho, sublinhando assim a humanidade de Cristo". A mão da Virgem indica ao mesmo tempo o próprio Filho de Deus. Maria é aquela que nos guia a Jesus Cristo, que é "Caminho, Verdade e Vida". Ela é nosso Socorro porque intercede por nós diante de seu Filho, que deu a sua vida em sacrifício por nós sobre a Cruz no Calvário. Maria é a mulher acolhedora, a boa Mãe.Contemplando o ícone do Perpétuo Socorro podemos mergulhar no Mistério de Cristo e aprofundar nossa amizade com o Senhor sob a guia da Virgem Maria, Mãe do Redentor.Segundo a tradição, a festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é celebrada no dia 27 de junho. O ícone foi confiado aos missionários redentoristas pelo Papa Pio IX, em 1866, e se encontra na Igreja de Santo Afonso, em Roma. Os redentoristas criaram um meio oracional para propagar esta devoção: é a novena perpétua a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. E assim conhecida por ser celebrada num dia fixo em todas as semanas do ano. Em qualquer país do mundo, onde há uma comunidade redentorista, celebra-se esta novena.
Por nós rogai, ó Virgem Mãe do Perpétuo Socorro!